Desde sua fundação em 1988, o Hamas tem sido bastante claro sobre sua total oposição ao sionismo e a Israel. Ele se opõe a quaisquer tipos de negociações ou acordos que reconheçam Israel como uma realidade, e seus porta-vozes mais extremados regularmente incitam ou celebram o assassinato de judeus. O Hamas tem se oposto a todos os acordos e cooperações realizadas com a OLP e a Autoridade Palestina porque estas firmaram acordos que reconhecem Israel. Além disso, o Hamas se opõe a qualquer palestino ou outro líder árabe que reconheça Israel como um Estado-Nação, e o movimento busca apoio de praticamente qualquer outra fonte externa que lhe forneça armas, treinamento e financiamento. Líderes eminentes do Hamas como Khaled Mishal, Ismail Haniyeh e Mahmoud al-Zahhar têm sido enfáticos, como se pode ler abaixo, que o seu movimento não se desarmará nem abandonará a ação militante. Eles acreditam que todo o território a oeste do Rio Jordão lhes pertence. Consequentemente, o Hamas não nutre nenhuma dúvida sobre a sua visão para o amanhã — a destruição de Israel — e qualquer solução que não satisfaça esta visão deverá ser rejeitada de imediato. O Hamas deseja que os palestinos tomem posse da Palestina por etapas, ganhem o controle geográfico de partes do território, e inclusive obtenham cessar-fogos temporários com Israel porque o objetivo final é reivindicar o controle sobre toda a Palestina de leste a oeste e de norte a sul. O xeique Ahmed Yasin, fundador do Hamas e o mais venerado de todos os seus dirigentes anteriores, disse em 2002, “Nós dissemos claramente que a Palestina, desde al-Nqurah até Rafah e desde o [rio] Jordão até o Mar Mediterrâneo é a terra da Palestina. Não há nada de mal em estabelecer um Estado palestino em qualquer lugar que nos seja liberado a essa altura, mas sem que isto signifique conceder os territórios restantes da Palestina. Esta é a diferença entre os irmãos da Autoridade Palestina e nós.” Al-Majallah, 31 de março de 2002.  

Desde que tomou o controle da Faixa de Gaza em 2007 com um golpe político contra a Autoridade Palestina (AP) e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), o Hamas participou de quatro confrontos militares importantes com Israel. A cada rodada de hostilidades foi seguida de um cessar-fogo, em que o Hamas aproveitou, e, em cada ocasião, o Hamas se rearmava, obtinha doações de seus apoiadores no exterior, e, finalmente, recomeçava sua intensa violência contra Israel. Mais recentemente e de forma mais letal, em 7 de outubro de 2023, o Hamas invadiu o território israelense e provocou um massacre, assassinando mais de 1.300 israelenses entre homens, mulheres e crianças, e assim cumprindo a sua missão de matar judeus e degradar a determinação israelense. Agora, enquanto Israel responde à execução sistemática de seus próprios cidadãos e  pessoas de diversos outros países, surgem muitas questões sem resposta sobre o futuro político de Gaza. Dentre estas questões, a fundamental é saber se o Hamas será capaz de continuar a governar Gaza, ou se um outro governo irá tomar o seu lugar e, portanto, terminar o domínio do Hamas em Gaza e sua doutrinação genocida sobre os mais de dois milhões de habitantes que lá vivem.

Por mais de 40 anos, eu tenho acumulado estas e outras citações na preparação dos meus cursos universitários. Muitos destes materiais foram obtidos do Foreign Broadcast Information Service e do Daily Report — Near East and South Asia, regularmente publicados pelo Departamento de Comércio. Outras fontes utilizadas incluíram MEMRI, e jornais do mundo todo. As fontes de cada material estão disponibilizadas.

Ken Stein, 13 de outubro de 2023

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Carta Constitucional do Hamas 1988  “O Movimento de Resistência Islâmica é um elo em [uma longa] corrente da jihad contra a ocupação sionista: A Última Hora não chegará até os muçulmanos lutarem contra os judeus e os muçulmanos os matarem (artigo 7); cada um deles tem um papel a desempenhar na luta contra o sionismo (artigo); no círculo da luta com o sionismo mundial, o Movimento de Resistência Islâmica se considera a ponta de lança, ou um passo no caminho (artigo 32)”. (Espanhol)

Outubro de 1992 —Ibrahim Ghawshah, líder do Hamas em Gaza: “…existe um plano perigoso em andamento que ameaça toda a região, que é, o plano para que o redil árabe e islâmico aceitem os sionistas. Se, D’s nos livre, isto se materializar e as relações árabes-israelenses melhorarem, como foi mencionado anteriormente, isto abarcaria todos os aspectos, incluindo as esferas políticas, culturais e sociais. Desta maneira, Israel conseguiria alcançar seus objetivos estratégicos de ser um Grande Israel sem lutar. A paz verdadeira só pode ser alcançada devolvendo aos palestinos a sua pátria e devolvendo os agressores sionistas aos países de onde vieram”. Ibrahim Ghawshah, Keyhan (Teerã), 31 de outubro de 1992.

Novembro de 1994 — Abdallah al-Shami, porta-voz oficial do Hamas: “O Estado de Israel não tem o direito de existir na terra da Palestina. Reconhecer a legitimidade de Israel é rejeitar o direito do nosso povo. Nós temos sido contrários à legitimidade da ocupação desde o princípio. A totalidade da terra pertence ao nosso povo. Não nos importa se os judeus querem viver na nossa terra. Entretanto, nós não concordamos de maneira alguma em viver sob sua bandeira e sob o seu controle”. Al-Muharrir (Paris), 21 de novembro de 1994.

Abril de 1997  Abd al-Azziz Rantisi, cofundador do Hamas: “O islamismo não permite entregar nenhum milímetro da Palestina e estabelece que a Palestina pertence aos muçulmanos, pertence ao povo da Palestina, não aos judeus,” Abd al-Azziz Rantisi, al-Hayat, 22 de abril de 1997.

Abril de 2001 —Ismail Haniyeh, presidente do gabinete político do Hamas: “A opção de resistência da jihad [luta] é a única que obrigará os sionistas a irem embora. O relacionamento com o inimigo não deve ser de negociação ou cooperação, mas de confronto e resistência. Estabelecemos a nossa estratégia nos seguintes princípios: (1) A opção de resistência e a Jihad [luta] é a única forma que obrigará os sionistas a irem embora. (2) O relacionamento com o inimigo não deve ser de negociação ou cooperação, mas de confronto e resistência (3) Os laços entre a causa palestina e suas extensões árabes e muçulmanas devem ser fortalecidos, uma vez que a causa palestina não diz respeito apenas ao povo palestino. A luta contra Israel é um conflito entre duas civilizações para o qual a nação árabe necessita mobilizar todo o seu potencial. Com relação ao Hamas, nós nunca declaramos que pretendemos interromper a nossa luta armada contra a ocupação, com ou sem negociações”. Trechos da entrevista com Ismail Haniyeh, na época secretário do líder do Hamas, Xeique Ahmed Yasin,  Falastin al-Muslimah, 17 de abril de 2001.

Março de 2002 – O líder espiritual do Hamas e Xeique Ahmed Yasin em 1998 “Nem Tenet nem Mitchell (dois negociadores dos EUA para o Oriente Médio) podem resolver a questão palestina. Eles são apenas sedativos porque somente a liberação da terra e o retorno do povo palestino à sua pátria e lugares sagrados podem resolver a nossa questão. Não iremos baixar as armas e nenhuma autoridade ou povo poderá entregar suas armas antes da liberação. Nós dizemos primeiro a liberação e depois o desarmamento. Qualquer outra coisa é parte do plano dos EUA e Israel para isolar os palestinos e impor soluções imperfeitas a eles. E isto é algo que nós absolutamente recusamos aceitar.

Nós dissemos claramente que a Palestina, desde al-Nqurah até Rafah e desde o [rio] Jordão até o Mar Mediterrâneo é terra da Palestina. Não há nada de mal em estabelecer um Estado palestino em qualquer lugar que nos seja liberado a essa altura, mas sem que isto signifique abrir mão dos territórios restantes da Palestina. Esta é a diferença entre os irmãos da Autoridade Palestina e nós.”  Al-Majallah (Londres) , 31 de março de 2002.

Março de 2005 —Mahmoud al-Zahhar, cofundador do Hamas, em uma trégua com a AP ou Israel e o que isto significaria: “Se o Hamas entrar para o governo, estará preparado para aceitar uma trégua longa e manter o conflito em aberto. A questão não necessariamente tem que ser resolvida nesta geração. Existem outros países que permaneceram sob ocupação por muitos anos. Portanto, se a nossa geração não puder agir, não se deve realizar concessões.” al-Jezirah  televisão por satélite, 20 de março de 2005. 

Abril de 2006 —Dr. Ahmad Salih, conselheiro político do primeiro-ministro Isma’il Haniyah sobre a corrupção na AP: “Os atos de roubos sistemáticos [pelo regime de Arafat] provocaram um grande déficit na economia palestina e deixaram a AP com dívidas ao redor de 2 bilhões em uma época em que o dinheiro enviado do exterior para a AP cobria todas as despesas correntes ou a construção e o desenvolvimento de instalações de infraestrutura ou a consolidação de uma forte economia nacional”. Salih acrescentou que o governo do Hamas “herdou um fardo pesado em consequência da corrupção desenfreada”.al-Ayyam, 20 de abril de 2006. 

Junho de 2006 — Isma’il Haniyah, presidente do gabinete político do Hamas: “O direito de retornar é um direito individual. Nenhuma representação dos palestinos, nem as várias organizações, nem o governo ou o presidente tem direito a renunciar a este direito. Todo refugiado deve poder decidir por conta própria se ele ou ela quer retornar ao seu lar. Então também poderiam decidir se preferem se mudar para o Estado palestino a ser estabelecido e serem compensados financeiramente? …Vocês esperam que os palestinos vendam sua pátria e terra natal por dinheiro?” Der Spiegel, 13 de junho de 2006. 

Setembro de 2006 — . Musa Abu Marzouq, vice-presidente do gabinete político do Hamas, durante a Iniciativa Árabe em 2002. “O Hamas rejeita isto porque significa o reconhecimento de Israel.” al-Ayyam, 18 de setembro de 2006.

Outubro de 2006 Mahmoud al-Zahar, cofundador do Hamas: “Israel é uma entidade repugnante que foi plantada em nosso solo, e não tem legitimidade histórica, religiosa ou cultural. Não podemos normalizar nossas relações com esta entidade”. al-Ayyam, 21 de outubro de 2006.

Maio de 2008 —Mahmoud al-Zahhar, cofundador do Hamas: “Agora mais do nunca eu digo – jamais vamos reconhecer  Israel… Criaremos o Estado palestino na totalidade dos territórios Palestinos e o sol da liberdade irá queimar os sionistas. Para eles eu digo: vocês irão perder. Vocês irão embora e nós continuaremos a persegui-los. O sangue do massacre dos nossos filhos irá atormentá-los para sempre”. Declarações públicas, 14 de maio de 2008.

Dezembro de 2011 —Ismail Haniyeh, primeiro-ministro do Hamas: “Os princípios [do Hamas] são definitivos e não negociáveis: A Palestina significa a Palestina em sua totalidade, desde o Rio até o Mar. Não haverá concessão de nenhum milímetro de terra da Palestina. O fato de que o Hamas, em um ou outro momento, aceite o objetivo da liberação gradual – de Gaza, da Cisjordânia ou de Jerusalém – não é às custas da nossa visão estratégica com respeito à terra da Palestina”. Al-Aqsa TV, 14 de dezembro de 2011.

Novembro de 2012 — Khalid Mishaal, chefe do gabinete político do Hamas: “A Palestina, desde o rio até o mar, dede seu norte até seu sul, é a terra dos palestinos; sua pátria e seu direito legítimo. Não iremos abrir mão de nenhum milímetro, nem de nenhuma parte dela, por nenhum motivo ou sob quaisquer circunstâncias e pressões. Não estamos lutando contra o povo judeu meramente porque são judeus. Entretanto, estamos lutando contra aqueles que são os invasores e agressores sionistas. Lutaremos com qualquer um que tente nos atacar, usurpar nossos direitos ou ocupar nosso território independentemente de sua religião, afiliações, raça ou nacionalidade. O projeto sionista é um projeto racista, hostil e expansionista fundamentado no assassinato e terrorismo. Assim sendo, é o inimigo do povo e da nação palestina, e constitui uma ameaça real a eles e à sua segurança e interesses. Na verdade, não seria exagero dizer que é um perigo para a segurança da comunidade humanitária, seus interesses e sua estabilidade”. Al-Zaytouna Centre for Studies & Consultations, Beirute, 28 e 29 de novembro de 2012. 

Dezembro de 2012  Khalid Mishaal, chefe do gabinete político do Hamas “A palestina é nossa desde o rio até o mar e desde o sul até o norte. Não haverá concessão de nenhum milímetro de terra. Nunca reconheceremos a legitimidade da ocupação israelense, portanto, não há legitimidade para Israel, não importa quanto tempo leve. Nós libertaremos Jerusalém milímetro por milímetro, pedra por pedra. Israel não tem direito de permanecer em Jerusalém”. New York Times, 8 de dezembro de 2012.

Maio de 2014 —Mousa Abu Marzouk, vice-presidente do gabinete político do Hamas: “O Hamas nunca reconhecerá Israel. Esta é uma linha vermelha que não pode ser cruzada. Teríamos nos preservado de sete anos de miséria sob o cerco e de duas guerras, em 2008 e 2012, se tivéssemos querido reconhecer Israel. …O armamento das Brigadas al-Qassam é de importância nacional para enfrentar a ocupação. A posição do Hamas sobre isto é clara, e não permitirá nenhum tipo de adulteração do armamento das brigadas, sob nenhuma circunstância, porque é um recurso estratégico para todos os palestinos. Por outro lado, as negociações do Quarteto exigem que a violência seja renunciada, o que, na prática, significa que as armas de al-Qassam precisam ser desativadas. Mas isto é inaceitável e o Hamas rejeitará completamente”. Al-Monitor, 5 de maio de 2014, http://www.al-monitor.com/pulse/iw/originals/2014/05/interview-abu-marzouk-Hamas-israel-fatah-reconciliation.html.

Julho de 2014 — Khatib (líder de oração congregacional que profere sermões) na mesquita Deir Al-Balah, em Gaza: “Nossa doutrina ao lutar contra vocês (os judeus) é que nós os exterminaremos totalmente. Não deixaremos nenhum de vocês vivos, porque vocês são extraterrestres usurpadores da terra e mercenários eternos. Vocês são mercenários de todos os tempos. Investiguem a história, meus irmãos. De onde quer que tenham vindo, os judeus propagaram a corrupção. Oh muçulmanos, vocês não perceberam o que Alá disse: ‘Eles se espalharam NA terra…’ a palavra ‘NA terra’ significa toda a terra. Propagam a corrupção na terra, e Alá não ama os corruptos”. De um sermão proferido na Mesquita Deir Al-Balah em Gaza, Al-Aqsa TV, (canal de TV do Hamas) transmitido na sexta-feira, 25 de julho de 2014, http://www.memritv.org/clip/en/4376.htm.