Ken Stein
Na Carta Constitucional do Hamas de 1988, em comentários de seus líderes e em outras publicações, eles expressam o seu ódio ao sionismo, a Israel e aos judeus. É evidentemente claro que o Hamas abomina o sionismo, Israel e os judeus em um Estado soberano. O Hamas se opõe a qualquer tipo de negociação que reconheça Israel como uma realidade ou exija a cooperação com Israel. O Hamas celebra o assassinato de judeus. O objetivo do Hamas é a eliminação total de Israel. Em 7 de outubro de 2023, no sul de Israel, os terroristas do Hamas assassinaram 1.400 judeus e muitas outras pessoas, e fizeram mais de 220 reféns. Em conflitos anteriores com Israel, o Hamas matou mais de 600 israelenses e feriu outros milhares.
O Hamas é um grupo e movimento político palestino que busca criar um Estado Islâmico único na Palestina histórica, que atualmente é dividida, em grande parte, entre Israel e a Cisjordânia e Faixa de Gaza, ocupadas por Israel. Hamas significa “zelo” ou “fervor” em árabe, e acrônimo para Harakat al-Muqawama al-Islamiyya, ou Movimento de Resistência Islâmica. O grupo foi fundado em 1988 como um segmento militante do movimento nacional árabe-palestino, então dominado pela Organização para a Libertação da Palestina, chefiada por Yasser Arafat. O Hamas tem suas origens ideológicas na Irmandade Muçulmana, fundada no Egito 60 anos antes. A Irmandade Muçulmana, naquela ocasião, rejeitava a influência da cultura ocidental e pedia que o Islã tivesse um papel de maior destaque no governo e na sociedade. A Irmandade Muçulmana foi proibida no Egito no começo da década de 1950 porque ela ameaçava o regime militar secular formado sob a liderança de Gamal Abdul Nasser.
Muitos dos líderes do Hamas foram educados no Cairo durante o reinado de Nasser, absorvendo o sentimento anticolonialista que já ganhava força no Egito a partir da década de 1950 em diante. Os membros fundadores do Hamas eram compostos por líderes religiosos, xeiques, intelectuais, empresários, jovens ativistas e combatentes paramilitares. Ao longo dos anos, o Hamas forneceu assistência social aos necessitados em Gaza e, em particular, aos 11 campos de refugiados em Gaza. O Hamas administrou escolas, dirigiu clínicas, jardins de infância, acampamentos de verão, serviços médicos, programas de esportes e encontrou oportunidades de emprego para seus seguidores. As mesquitas e as organizações religiosas islâmicas são e permanecem sendo os veículos mais importantes para o Hamas difundir a sua mensagem e prestar os seus serviços. Financiado em parte por seus membros, a maioria dos recursos financeiros era proveniente de simpatizantes no exterior e, nos últimos anos, a maior parte da ajuda é fornecida pelo Catar e Irã.
O Hamas se opõe intensamente contra todos os acordos e cooperações realizadas por qualquer Estado árabe com Israel, especialmente a OLP e a Autoridade Palestina. Os fundadores do Hamas se opuseram veementemente contra o tratado de paz de 1979 do presidente egípcio Anwar Sadat com Israel e se opuseram contra os Acordos de Oslo de 1993, nos quais a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e Israel comprometeram-se ao reconhecimento mútuo para fins de que Israel transferisse gradualmente o poder, os territórios e um autogoverno limitado à OLP em nome do povo palestino da Faixa de Gaza e Cisjordânia. Enquanto isso, o líder da OLP, Yasser Arafat, seu sucessor, Mahmoud Abbas, e a Jihad Islâmica, uma organização extremamente militante, consideravam que o Hamas era uma ameaça significativa ao domínio da OLP como única representante legítima do povo palestino.
O Hamas se opunha ao nacionalismo palestino secular; se opunha às liberdades individuais, à democracia e à liberdade, priorizando, em vez disso, um compromisso com a comunidade islâmica. O xeique Ahmed Yasin, fundador do Hamas e o mais venerado de todos os seus dirigentes do passado, disse em 2002, “Nós dissemos claramente que a Palestina, desde al-Nqurah até Rafah e desde [o rio] Jordão até o Mar Mediterrâneo é a terra da Palestina. Não há nada de mal em estabelecer um Estado palestino em qualquer lugar que nos seja liberado a essa altura, mas sem que isto signifique renunciar aos territórios restantes da Palestina. Esta é a diferença entre os irmãos da Autoridade Palestina e nós.” Al-Majallah, 31 de março de 2002. Outros líderes importantes do Hamas como Khaled Mishal, Ismail Haniyeh e Mahmoud al-Zahhar foram enfáticos em relação ao seu ódio a Israel, Mishal resumiu em detalhes em 2012, o objetivo do Hamas de destruir Israel. Em uma declaração de princípios em maio de 2017, o Hamas proclamou,
“A Palestina está no coração da Ummah (comunidade) árabe e islâmica, e goza de um status especial; o estabelecimento de “Israel” é totalmente ilegal e infringe os direitos inalienáveis do povo palestino, e vai contra a sua vontade e a vontade da Ummah; não haverá reconhecimento algum da legitimidade da entidade sionista. Tudo o que ocorreu na terra da Palestina em termos de ocupação, construção de assentamentos, judaização, mudanças de suas características ou falsificação de fatos é ilegítimo. Os direitos nunca falham”.
Consequentemente, o Hamas não nutre nenhuma dúvida sobre a sua visão para o amanhã — a destruição de Israel — e qualquer solução que não satisfaça esta visão deverá ser rejeitada de imediato. O Hamas deseja que os palestinos tomem posse da Palestina em etapas, ganhem o controle geográfico de partes do território, inclusive obtenham cessar-fogos temporários com Israel porque o objetivo final é reivindicar o controle sobre toda a Palestina de leste a oeste e de norte a sul.
Desde que tomou o controle da Faixa de Gaza em 2007 com um golpe político contra a Autoridade Palestina (AP) e a OLP, o Hamas tem exercido um controle autocrático quase total sobre a população e tem doutrinado sistematicamente a juventude palestina para odiar Israel e os judeus. O Hamas segue buscando enfraquecer a influência da AP e da OLP com a esperança de dominar o futuro político árabe palestino. O Hamas tem buscado o reconhecimento internacional junto a uma série de figuras públicas notáveis, incluindo a ex-presidente irlandesa, Mary Robinson, e o ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter. Em agosto de 2014, eles escreveram um artigo na [revista] Foreign Policy e foram citados dizendo que o Hamas deve ser reconhecido como um “ator político legítimo”, e depois Carter declarou ao The Times of Israel em maio de 2015 que os líderes do Hamas “estão empenhados com a paz”. Apesar de tais elogios, o Hamas se envolveu em quatro principais confrontos militares com Israel, inclusive após essa data. A cada rodada de hostilidades seguia um cessar-fogo, em que o Hamas tirava proveito, e, em cada ocasião, o Hamas se rearmava, levantava sua bandeira política, obtinha mais ajuda estrangeira dos seus apoiadores no exterior, e, finalmente, após uma pausa curta, recomeçava sua intensa violência contra Israel. O Hamas, de forma semelhante ao Hezbollah no sul do Líbano, e o regime iraniano, defende abertamente a destruição de Israel. O Irã tem fornecido ao Hamas e Hezbollah uma enorme ajuda financeira, treinamento militar e equipamentos, além de colaborar com a doutrinação política.
Ken Stein, 23 de outubro de 2023