Desde os tempos bíblicos até hoje, os judeus e o judaísmo têm uma ligação ininterrupta com o Sião, uma referência à Eretz Israel, a Terra de Israel, proveniente da colina no coração de Jerusalém. O sionismo foi e permanece sendo a meta judaica para ter e manter um Estado judeu na antiga terra dos judeus. O sionismo é nacionalismo judaico

Um número relativamente pequeno de judeus que decidiram controlar o seu próprio futuro, quando buscaram, criaram e mantiveram um Estado, escreveram a história moderna de Israel. A vinculação do povo com a terra e a consolidação de uma infraestrutura para um Estado são a história do sionismo moderno, a história do estabelecimento de Israel.

O ponto-chave para o restabelecimento do Estado de Israel moderno está presente na resposta de Theodor Herzl para “a questão judia” em O Estado Judeu. A Declaração Balfour e a Declaração de Independência de Israel são outros documentos básicos que relatam os esforços ocorridos durante meio-século para restabelecer um território judeu na pátria judaica ancestral.

As origens do sionismo

O sionismo moderno não teve início com a vida de Herzl ou com suas obras, embora ele tenha dado forma, organização e um plano de ação ao movimento. Para conhecer as origens do sionismo antes do final do século XIX, sugerimos o verbete de 1906 sobre o “Sionismo” na Enciclopédia Judaica, tendo em mente que as noções sobre Jerusalém e Sião foram peças essenciais da base do povo judeu, remontando-se à Torá, que iniciou a identidade judaica a partir do nascimento do judaísmo.

Herzl, um catalisador do sionismo político moderno, tinha pouca conexão com o judaísmo. Durante os anos 1890, seu trabalho o expôs progressivamente à retórica antissemita, a qual presenciou em primeira mão durante o julgamento de Dreyfus em 1894, quando um oficial francês judeu foi injustamente acusado e  condenado por vender segredos a outros. O profundo antissemitismo testemunhado por Herzl o convenceu de que a assimilação não protegeria os judeus. Assim, passou a defender o Estado judeu como sendo a única solução para a “questão judia”.

Em 1896, Herzl publicou Der Judenstaat (O Estado Judeu), onde descreveu sua visão de uma nação judia soberana para fugir da perseguição e conquistar a segurança. Este trabalho encorajou as comunidades judaicas do mundo todo, as quais já se questionavam se deveriam permanecer ortodoxas em suas crenças, o que incluía a espera pelo Messias para melhorar suas vidas e retornar ao Sião. Basicamente, Herzl motivou outros indivíduos a controlar seus próprios destinos e a não esperar pela intervenção profética.

A partir das obras de Herzl e de suas ações para reunir judeus com semelhantes visões, é preciso notar que aqueles que começaram a acolher o sionismo ou a se reconectar fisicamente com a pátria de seus antepassados representavam uma parcela ínfima dos judeus no mundo todo. O sionismo era um movimento de minoria entre os judeus, em uma época na qual milhões deles se mudavam para o Canadá, os EUA, a África do Sul a Austrália, a América do Sul e outros locais.

A partir da liderança de Herzl, surgiram as organizações judaicas que apoiavam o lento crescimento da presença judaica em Eretz Israel, também chamada de Terra Santa ou Palestina. O objetivo sionista de obter novamente uma estrutura territorial para a vida judaica era uma visão comum entre seus partidários, mas as múltiplas visões ideológicas dos judeus teriam que ser consideradas para alcançar o objetivo. A diversidade filosófica abrangia desde a ação política até a espera para receber permissão para imigrar, desde o sionismo sendo meramente um centro cultural judaico até aquele que deveria ser dominado pelo socialismo, capitalismo, secularismo ou pela ortodoxia moderna.

Para se obter uma excelente recapitulação sobre o sionismo nos anos que antecederam o estabelecimento do Estado, recomendamos “O movimento sionista,” que inclui a história da Palestina, no Livro do Ano de Israel, 1950-51.

Para entender como os sionistas vincularam a imigração judaica às terras compradas na Palestina, apresentamos Forming a Nucleus for the Jewish State (também em hebraico e espanhol).

Para acessar um resumo em vídeo sobre a conexão entre o povo judeu, a Terra de Israel e um Estado judeu, assista ou ouça a apresentação de 33 minutos de Ken Stein, presidente do CIE, sobre “o povo judeu, o sionismo e a construção do Estado”.

Apoio para a construção de um Estado judeu

O plano de reconstrução de um Estado judeu no século XIX exigia uma população e um local, que era Eretz Israel, a Terra Santa, chamada Palestina pelas grandes potências após a Primeira Guerra Mundial. Com respeito à população, a identidade judaica, o antissemitismo e a falta de igualdade cívica na Europa estimularam a imigração judaica para cenários democráticos e o apoio ao estabelecimento de um Estado judeu. A população judaica na Palestina aumentou de 25 mil em 1882 para 600 mil em 1948, sendo que em 1940 atingiu 400 mil judeus. A extensão de terras adquiridas pelos judeus aumentou de 450 mil dunams (um dunam equivalia a um quarto de acre) para 1,4 milhão de dunams em 1940 e para 2 milhões em janeiro de 1948. Para entender como os imigrantes judeus se reconectaram com a terra, de que forma compraram pequenas áreas de terras dos proprietários árabes e a interação deles com os britânicos na qualidade de administradores da Palestina após a Primeira Guerra Mundial, veja Zionist Land Acquisition: a core essential in establishing Israel – O ritmo do crescimento físico e demográfico durante o período aproximado de 70 anos foi constante mas turbulento. Os imigrantes judeus foram capazes de estabelecer áreas territoriais adjacentes em parte por conta de um campesinato empobrecido e sobrecarregado de dívidas há séculos, e de uma elite política que motivada pelos potenciais lucros excessivos decorrentes da venda de terras, alienaram uma considerável extensão de terras permitindo aos sionistas criar o núcleo territorial que, por fim, se tornou Israel.

O mapeamento da localização geográfica dos 315 assentamentos judeus constituídos naquele período revela a área para o Estado e fornece uma fácil explicação visual para a proposta de fronteiras apresentada pelas Nações Unidas em seu Plano de Partilha de 1947, também conhecido como Resolução 181 da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU).

Nas décadas anteriores a 1947, judeus e árabes cada vez mais optaram por viver distantes, e as constantes manifestações de violência entre as comunidades enfatizaram a necessidade de separação dos Estados judeu e árabe na Palestina, com Jerusalém sob o controle da administração internacional. Esta oposição ao Estado judeu e o compromisso com o sionismo foi exemplificada durante uma conversa que a Liga Árabe teve com três líderes sionistas em setembro de 1947. Durante este encontro, ‘Azzam Pasha, o líder da Liga Árabe, declarou: “Não foi possível realizar nenhum acordo com os judeus, é possível que os árabes percam a Palestina, mas nossa única opção com vocês é a guerra”. Os líderes árabes rejeitaram o plano de partilha e os árabes palestinos não tiveram representação independente, visto que a sua agência foi destronada pelos líderes árabes e os Estados. A Resolução da ONU estabeleceu um importante arcabouço legal para o futuro estabelecimento do Estado de Israel.

A preparação para o apoio internacional e a legitimidade para consolidar uma pátria para os judeus ocorreu décadas antes, por meio do Mandato da Liga das Nações para a Palestina (1922), que encarregou a Grã Bretanha de facilitar a imigração judaica, o assentamento de terras e a autonomia das instituições, enquanto protegia o direito de todos os residentes. Juntos, estes passos enfatizaram o reconhecimento global da autodeterminação do povo judeu, permitindo a transformação da população judaica na Palestina em um Estado viável em 1948.

A criação de Israel

A criação de Israel foi formalizada no dia 14 de maio de 1948, com a Declaração de Independência, que proclamou o estabelecimento de um Estado judeu em Eretz Israel. Esta declaração destacou a conexão histórica do povo judeu com a terra, o apoio dos marcos legais internacionais, como o Plano de Partilha da ONU, e a necessidade de uma pátria após as atrocidades do Holocausto. O recém-declarado Estado de Israel buscou o reconhecimento junto à comunidade internacional e foi admitido nas Nações Unidas em 11 de maio de 1949, sob a Resolução 273 da AGNU, que reconheceu sua condição de Estado e seu compromisso com a paz e a igualdade para todos os seus habitantes. Além de solidificar a sua identidade como um refúgio para os judeus do mundo todo, Israel promulgou a Lei do Retorno em 1950, outorgando a cada judeu o direito de imigrar e obter a cidadania. Estes passos fundamentais asseguraram o surgimento de Israel como um Estado soberano, empenhado na autodeterminação do povo judeu e nos princípios democráticos.

Documentos

Alianças Bíblicas
Referências litúrgicas ao Sião e Jerusalém
1893 Andrew D. White sobre a situação deplorável dos judeus na Rússia
1896 Herzl – A questão judia e o plano para o Estado judeu
1897 Max Nordau, discursa no Primeiro Congresso Sionista, Basileia, Suíça
1906 “Sionismo” Na Enciclopédia Judaica
1917 A Declaração Balfour
1922 Liga das Nações – legitimidade internacional outorgada para a criação de um lar nacional judeu
1937 Relatório da Comissão Peel recomenda um Estado árabe-judeu

1938 Chaim Weizmann une judeus do mundo todo para a partilha da Palestina – dois Estados
1942 David Ben-Gurion, O discurso de Biltmore – o Estado judeu está próximo
1945 Uma coletânea de opiniões lógicas sobre a condição disfuncional do cenário político dos árabes palestinos

1947 Abdulrahman ‘Azzam Pasha rejeita qualquer acordo com sionistas

1948 Declaração de Independência de Israel
1949 Admissão de Israel nas Nações Unidas
1950 Lei do Retorno de Israel